quarta-feira, maio 23, 2007

Nuances

Desde que me ouviu cantarolar Imbranato, em cada silêncio no espaço entre nós ele me pede para cantar "whatever, beauty" em italiano. Me pega nas curvas das peripécias que conto - porque com ele, eu falo compulsivamente - e num silêncio que eu não sei de onde vem; um cruzar de pernas, um jogar de cabelo ou um discreto bocejar. Ele leva uma das mãos ao queixo enquanto a outra segura firme a minha, e apoia o cotovelo na ponta da mesa. Às vezes, ele sorri despercebidamente e eu me pergunto se os meus olhos me entregam, e paro: "O que foi?" e ele "Nada, nada... Eu gosto de ouvir sua voz". E deveriam filmar esses momentos, pois eu posso jurar que nada disso existe, que são nuances de um sonho bom. E se assim for, eu lhe imploro, não me acorde.

.
.
"E até quem me vê
lendo o jornal na fila do pão,
sabe que eu te encontrei"

Nenhum comentário: