quinta-feira, setembro 02, 2010

Aos pés do asfalto

Penso em você, constantemente. Pensei em você hoje, andando com pés vermelho sangue de um lado para o outro, dentro de quatro paredes feitas de um mármore vagabundo num espaço infinito de menos de um metro quadrado. Pensei em você hoje, em te ligar. Ainda tenho seu número, sabia? Quer dizer, provavelmente nem é seu número mais. Faz tanto tempo. Mas ainda o tenho. Nunca soube o motivo. Não mesmo.
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Mas hoje, andando de um lado pro outro depois de ter atravessado um mar de concreto nos curtos intervalos do fluxo de seres velozes, eu pensei em você. E de repente - já anos depois, imagine só - tossi o motivo entalado na garganta, e ele saiu assim:
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Ainda penso em você porque, quando tudo que é concreto na minha vida - nessa minha minha vida sem vestígio de você -, quando tudo isso desaparece, foge pelo acostamento da rodovia, só me resta o apego as coisas que não existem. Porque as coisas mais bonitas do mundo só são bonitas enquanto não existem.