Algumas poucas vezes, como hoje, passo boa parte de uma noite mal iluminada na varanda, encarando tudo que já fui um dia. É algo involuntário. O que chamamos de coincidência surge e uma música preenche o espaço vazio de outrora, no meio do turbilhão que eu construi para me ocupar. Não posso dizer que é saudade, porque não quero de volta - mesmo que volte por boa vontade.
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Talvez eu devesse resumir o meu pensamento àquelas folhas avulsas em branco sobre a mesa. Mas não há do que fugir ou lamentar. Hoje sei que nunca houve. Contudo, o acústico dessa música de duas histórias - uma minha, outra dele - tem a beleza do ontem, e do ontem a inércia. Gosto de ficar lá, com aquele céu de lágrimas que não quer chover. Porque também somos o que perdemos.
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E então eu volto. Volto para quem me tem agora, por merecimento de procurar e direito de esconder. Volto também por merecer essa reciprocidade de amor, de valor, de cuidado. Mas sempre volto com a sensação de ter me afogado na xícara de chá, ou me jogado telhado abaixo. É aí que eu sempre acordo, com beijos e braços exaustos de me carregarem por todos os meus abismos, de volta para casa.
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Tied up and twisted, the way I'd like to be
For you, for me, come crash into me, baby