Desde que me ouviu cantarolar Imbranato, em cada silêncio no espaço entre nós ele me pede para cantar "whatever, beauty" em italiano. Me pega nas curvas das peripécias que conto - porque com ele, eu falo compulsivamente - e num silêncio que eu não sei de onde vem; um cruzar de pernas, um jogar de cabelo ou um discreto bocejar. Ele leva uma das mãos ao queixo enquanto a outra segura firme a minha, e apoia o cotovelo na ponta da mesa. Às vezes, ele sorri despercebidamente e eu me pergunto se os meus olhos me entregam, e paro: "O que foi?" e ele "Nada, nada... Eu gosto de ouvir sua voz". E deveriam filmar esses momentos, pois eu posso jurar que nada disso existe, que são nuances de um sonho bom. E se assim for, eu lhe imploro, não me acorde.
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"E até quem me vê
lendo o jornal na fila do pão,
sabe que eu te encontrei"
lendo o jornal na fila do pão,
sabe que eu te encontrei"