Ela admira no reflexo do espelho os traços de sua juventude. Os ombros lascivos, os lábios rubros e as curvas que a tornam uma bela mulher. Cuida dos pés, pois a caminhada é longa, cuida das mãos, pois alguém pode precisar de ajuda, cuida do colo porque um dia ele vem, e ela não irá deixá-lo ir embora, porque ele ama tudo que ela tanto cuidou.
O resto do roteiro ela já sabe: Vocês vão brigar inúmeras vezes por motivos que nenhum dos dois lembrará no dia seguinte porque, quando se ama, tudo isso vale a pena. Vão ter filhos e vê-los crescer, e suas vidas passarão. Ao final da jornada você terá traços de experiência, que não serão nada mais do que os seus erros aglomerados em uma palavra soando satisfatoriamente. O reflexo do espelho terá rugas e cabelos brancos, porque esse é o prêmio que se recebe por fazer a coisa certa, da maneira certa. Passeará pelos parques e vez ou outra verá uma jovem, com o olhar perdido no horizonte, e sorrirá, pois esse jovem silêncio é sinal de um amor pré-maturo, raiando ao amanhecer da vida.
- Então o que a senhora sugere?
- Encontre a pessoa certa e viva da melhor maneira possível.
- E se eu não encontrá-la?
- Mas ela está por aí, mocinha, procurando por você.
A jovem se levanta e segue em passos rápidos com traços de esperança no rosto. Atrasada, perde o ônibus e acaba por conformar-se em um dos bancos. Pensa na senhora, nos conselhos, e enquanto tenta traduzir todos os pensamentos, encontra uma carteira caída no chão. No mesmo instante, surge um rapaz dobrando a esquina da rua mal iluminada, apressado e desajeitado, que vem ao seu encontro e diz:
- Pelos céus! Muito obrigado por ter encontrado!
- Por nada – ela responde confusa.
- Quando perdi o ônibus, sentei bem onde você está, mas logo desisti de esperar. Sabe, sou meio impaciente. Na metade do caminho dei falta da carteira. Muito obrigado mesmo! Não sabe o quanto procurei...
A jovem sorri pelo jeito do rapaz falar atropelando os fatos, e o rapaz gosta do jeito que o cabelo dela cai sobre os olhos quando ela sorri. Como gratidão ele a convida para um café, ela aceita, e ali o roteiro toma seu rumo.
A senhora volta para casa em passos lentos que a idade avançada proporciona. Senta em sua polida mesa e encerra o último capítulo de seu livro com a frase: “deixe o acaso fazer a sua parte”.
Talvez seja aí que acaba, mas já não restam argumentos se não for... Bom, é a vida.
O resto do roteiro ela já sabe: Vocês vão brigar inúmeras vezes por motivos que nenhum dos dois lembrará no dia seguinte porque, quando se ama, tudo isso vale a pena. Vão ter filhos e vê-los crescer, e suas vidas passarão. Ao final da jornada você terá traços de experiência, que não serão nada mais do que os seus erros aglomerados em uma palavra soando satisfatoriamente. O reflexo do espelho terá rugas e cabelos brancos, porque esse é o prêmio que se recebe por fazer a coisa certa, da maneira certa. Passeará pelos parques e vez ou outra verá uma jovem, com o olhar perdido no horizonte, e sorrirá, pois esse jovem silêncio é sinal de um amor pré-maturo, raiando ao amanhecer da vida.
- Então o que a senhora sugere?
- Encontre a pessoa certa e viva da melhor maneira possível.
- E se eu não encontrá-la?
- Mas ela está por aí, mocinha, procurando por você.
A jovem se levanta e segue em passos rápidos com traços de esperança no rosto. Atrasada, perde o ônibus e acaba por conformar-se em um dos bancos. Pensa na senhora, nos conselhos, e enquanto tenta traduzir todos os pensamentos, encontra uma carteira caída no chão. No mesmo instante, surge um rapaz dobrando a esquina da rua mal iluminada, apressado e desajeitado, que vem ao seu encontro e diz:
- Pelos céus! Muito obrigado por ter encontrado!
- Por nada – ela responde confusa.
- Quando perdi o ônibus, sentei bem onde você está, mas logo desisti de esperar. Sabe, sou meio impaciente. Na metade do caminho dei falta da carteira. Muito obrigado mesmo! Não sabe o quanto procurei...
A jovem sorri pelo jeito do rapaz falar atropelando os fatos, e o rapaz gosta do jeito que o cabelo dela cai sobre os olhos quando ela sorri. Como gratidão ele a convida para um café, ela aceita, e ali o roteiro toma seu rumo.
A senhora volta para casa em passos lentos que a idade avançada proporciona. Senta em sua polida mesa e encerra o último capítulo de seu livro com a frase: “deixe o acaso fazer a sua parte”.
Talvez seja aí que acaba, mas já não restam argumentos se não for... Bom, é a vida.