sábado, outubro 28, 2006

See you.




Saudades do fotógrafo (o meu).




Lembranças do passado
(o nosso).




Hoje eu acordei sentindo cheiro de hortelã.
Lembrei das noites torturantes. Aquelas, insuportavelmente frias, que me via obrigada a adormecer apenas com a doce lembrança do seu perfume. Lembrei das manhãs ensoloradas (como hoje), que eu me perdia no sorriso, me encontrava no abraço. Lembrei dos filmes, do inverno, de folhas secas e chocolate, de sorvete e cobertor. Lembrei daqueles olhos escuros, da calma que me trazia. Foi aí que eu parei, antes de entrar no futuro.
Agora, você faz parte da minha experiência de morrer. Me empanturrei de sonhos e vontades - as mais malucas, você sabe - guardei na mala tudo que foi. Preciso sair vida à fora e deixar toda essa tristeza para trás. Felizmente, numa cidade, podemos sempre chamar um táxi e seguir sozinhos, desejando que toque depressa para o próximo intervalo.

Da nossa história só sobrou, a saudade que ficou.

See you.

Prazeres

Sem você, as emoções de hoje seriam apenas uma pele morta das emoções do passado.
É o fabuloso destino de uma jovem moça (jolie), que quando criança não manteve relações afetivas. Com o tempo, tudo se tornou tão morto e cinza, que ela preferiu sonhar com a vida, e só vivê-la depois.
Não, você não tem ossos de vidro. Portanto, você suporta a vida e suas dores. Não perca essa chance. As oportunidades passam por você, como estranhos no metrô, e você fica aí, olhando o tempo e os passos apressados de estranhos que você, provavelmente, nunca mais verá.
A vida é um teatro de amadores que jamais será revisado.
- Ela está apaixonada, imbecil!
- Como? Eu não a conheço.
- Ah, conhece, sim!
- Desde quando?
- Desde sempre... dos seus sonhos.
Mas eu encontro um lago e nele jogo pedras - por horas, por horas.
Porque quando o dedo aponta o céu, o imbecil olha para o dedo.
(mesmo assim, às vezes eu me perco, não sei dizer quem é ela ou quem sou eu)
Prazeres, Amélie Poulain.

domingo, outubro 22, 2006

Às vezes, nada faz doer mais aqui dentro.
E me vem aquela cena, de mãos trêmulas, corações acelerados... e de repente, alguém se levanta e vai embora.
Deixou só esse espaço vazio.
Nos meus dias perdidos, sua mão fria me aquecia; era a mais gostosa de segurar.
Com certeza, nada dói mais do que te ver partir.
Acorde quando a chuva bater na janela, sinta o gosto ácido de arrependimento na boca.
Está contigo desde que você me disse adeus.
Assim, a chuva que escorre pelas paredes, acompanha a melodia das lágrimas que rolam pela sua face; e neste dia, você vai me desejar ao seu lado.
Será tarde, meu bem.
Será tarde.

domingo, outubro 15, 2006

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A menina com jeito de flôr desperta, descansada. Naquela manhã cinzenta de primavera, eu ví através de seus olhos marejados de lágrimas: ela, finalmente, sorria por dentro.
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domingo, outubro 08, 2006

Garantias

Encontrei perdida no fundo falso da gaveta da velha escrivaninha, uma nota fiscal que dizia: Garantia de um ano. Coincidência (ou não) era de outubro do ano passado. Caminhei até a varanda, pra pensar e lembrar, de como era a minha vida antigamente. Nada mudou. É ruim, mas é bom, nunca gostei de mudanças. Mas aí, a voz que saía dos fones disse: I'll keep you locked in my head. E eu vou manter todas as lembranças "boas ou ruins, não importa, mas que dão aquela saudade de dor no peito", dentro da minha cabeça. Always, right?
Voltando ao início, as pessoas poderiam aparecer assim, com garantias e validades. Imagine, seria tão fácil. Tipo, olha, esse cara aqui só vai ficar na sua vida por seis meses, desencane! Mas aquele ali... ah, aquele poderia te amar pra sempre. Aquele estranho? Esse mesmo.
Realmente, não faço questão de me imaginar daqui um ano. Posso estar em frente a Torre Eiffel, escrevendo sobre o cheiro e o gosto das coisas no exato momento em que elas acontecem. Posso estar no colégio, estudando como louca pro simulado de fim de ano. Mas a vida... a vida é como uma caixa de chocolates: nunca se sabe o que vai encontrar.
São escolhas, sem garantias. Arrisque, ou espere que as lágrimas caiam e te molhem inteiro.
Mas os domingos sempre terminam assim. E eu, mergulhada nos pensamentos.
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"A eternidade é o estado das coisas neste momento." CL

sábado, outubro 07, 2006

Lembranças Esquecidas (ou não)

LS: Você tem que aprender de uma vez: a vida destrói um caminho para apontar outro.
GR: Então espero que ela saiba escrever ou desenhar.
LS: Falo sério. É assim que as coisas funcionam.
GR: Estou tão cansada disso.
LS: Eu sei como é. Nós passamos pelas mesmas coisas, em dimensões diferentes.
GR: Mas acaba sempre tudo igual. Isso tudo cansa.
LS: A culpa é toda sua! Você deveria viver ao meu modo.
GR: Ha-ha. Queria que eu fumasse, bebesse, jogasse video-game o dia inteiro e me isolasse do mundo?!
LS: Pelo menos eu me distraio. Não passo as noites acordado assistindo HBO e chorando.
GR: Hãn... e foram só umas cinco vezes.
LS: Só se for cinco vezes por semana.
GR: Olha, não sei porquê perco meu tempo com você.
LS: Porque você não confia em mais ninguém.
GR: Isso é um defeito?
LS: Ah, você tem muitos defeitos.
GR: Acabei de me lembrar dessa sua sinceridade absoluta.
LS: Isso é um defeito?
GR: E dessa mania de repetir tudo que eu falo!
LS: Eu adoro te ver brava.
GR: Será que é porque você me deixa brava?!
LS: Você não saberia ser feliz se eu não existisse.
GR: Nada egocêntrico...
LS: Nós somos iguais, lembra?
GR: Nós nunca mudamos...
LS: O mundo pode rodar, nós continuamos no mesmo lugar.
GR: Por que não deu certo?
LS: Porque você sempre gostou dos caras errados.
GR: Então devo concluir que, nada mudou mesmo.
LS: Você sempre teve muitos defeitos, menina. Mas eu... eu vou embora.
GR: Até a saudade apertar de novo?
LS: A saudade nunca passa, por isso eu sinto falta de ar.
GR: Mas olha, se eu pudesse voltar no tempo, eu teria feito dar certo.
LS: Eu jamais teria deixado o tempo passar.

E acaba sempre tudo igual, sem começo, sem meio, sem final.
E ela promete não amar de novo. "Nunca mais".

terça-feira, outubro 03, 2006

Dom

Disseram-me que eu tenho o dom. Talvez seja o dom de calar-me quando preciso falar, e ao invés de sentir é mais cômodo escrever. Então falo só para mim (em voz baixa), tudo ou nada que o mundo precisa ouvir. As verdades só saem assim, nas entrelinhas. Não dá pra ser mais óbvio, ou dá? Vivo constantemente perdida em mundos paralelos. Não sei como cheguei, não sei como sair. As pessoas vivem perguntando o que acontece, por que eu não sorrio mais, por que não olho mais nos olhos, por que pareço tão distante.
"O amor transforma o homem."
Nada que eu disser, sentir, ou pensar será tão absurda, que qualquer filósofo ou poeta já não tenha falado, sentido, ou pensado. Então não me preocupo. O amor transforma sim, quando é sincero, quando é mútuo. Mas quando o amor não passa de um segredo, e a rejeição da única certeza, deve-se esquecer (ou tentar).
Meus pés não alcançam o chão, mas talvez estejam se aproximando. Não importa, eu parei de olhar pra baixo. Pois eu também tenho saudade do que não existiu, e dói bastante.



domingo, outubro 01, 2006

One more Year

É sim, meu aniversário.
Dezenas de recados respondidos, telefonemas... telefonemas, felizmente, atendidos.

Foi bom ouvir aquela voz de novo. Mesmo no último minuto, mesmo por poucos segundos, foi bom. Foi bom dizer aquele nome de novo, assim, no diminutivo, no fim das frases. Porque bateu aquela sensação de abraço, que mudava o tom das cores, e dos sonhos.


"Eu quero te roubar pra mim
Eu que não sei pedir nada
Meu caminho é meio perdido
Mas que perder seja o melhor destino
Agora não vou mais mudar
Minha procura por si só
Já era o que eu queria achar
Quando você chamar meu nome
Eu que também não sei aonde estou
Pra mim que tudo era saudade
Agora seja lá o que for...
Eu só quero saber em qual rua
Minha vida vai encostar na tua..."