domingo, dezembro 31, 2006

Happy New Year

Chove, chove, chove. Eu até prefiro assim. Sem música, sem trilha sonora. Só o som da chuva e as lembranças, fotos, risos. Essas coisas de fim de ano. Entra ano e sai ano, sempre os mesmos planos. Enquanto a meia noite não soar e o meu telefone não tocar, o meu ano não terá valido nada. Eu espero. E talvez, agora, seja tarde demais para o passado. Eu preciso ir para qualquer lugar, desde que seja em frente.

A melhor frase do ano novo não será "Happy new year!", será "Jamais haverá ano novo se continuar a copiar os erros dos anos velhos". É um pouco longa, admito. Mas eu tenho tempo, aliás, eu só tenho o tempo daqui em diante.

E que seja assim, sem despedida. Hoje eu aceito essa minha vida.




"Não sei para onde vou, mas estou a caminho."
Oscar Wilde

sábado, dezembro 23, 2006

Merry Christmas


Manhã clara. Não ensolarada, não nublada, só clara. Acordei cedo, e quando me dei conta já estava dentro do carro. Minha mãe dirigia como assassina em fuga, eu rezava para alguma força maior - não me mate, mamãe. Tinha um cara, com um sorriso bonito esboçado no rosto, que tentava estacionar seu carro. Minha mãe, ainda irreconhecível, largou a mão na busina. Eu, quase surda, envergonhei-me. Oh, céus. O cara por outro lado, visto desse ângulo, soltou uma risada (daquelas que dá vontade de rir junto) acompanhada por: "É Natal, porra!"

Nesse instante quase perdido, o mundo parou para mim. A palavra "natal" não soou tão doce como costumava soar. Tão vermelha e verde e feliz. Pelo contrário até. Saiu desconexa, como qualquer outro feriado, sem sentido ou quaisquer sentimentos.

Fim do instante.

Minha mãe me guiou pelo resto do meu sábado. E eu até preferi assim, sem escolhas. Ela visitou alguns, trocou presentes e peripécias desimportantes bem detalhadas. Eu me ajeitei no sofá vermelho da sala de estar, enquanto explodia anos 80 das caixas de som. Ali, mais adiante, uma grande e bonita árvore de natal (semelhante à essas de comerciais baratos), toda enfeitada, piscando, piscando, piscando... bate meu coração na desritmia das luzes.


E foi assim. Foi assim que eu percebi que os tempos mudaram, nem o natal nem o meu próprio mundo ocorre como antes... enfim. Passa o meu tempo transcorrido. Passa todo o meu tempo perdido.


É natal! E toda essa alegria, de certa forma, me faz mal.

A kind of Pain

Suspirando sono às 3h da manhã. Dormir é um desperdício. Procure as luzes, menina. Liguei o chuveiro - não, sobrava espaço. Pequena demais para um banheiro tão grande, sufocada. Agachei. Fiquei na ponta dos pés enquanto a água fria castigava sobre as minhas costas. Sob os meus pés as lágrimas desciam pelo ralo. Por um momento eu quis ser ainda menor, do tamanho da minha dor dissolvida em água salgada. Desceria pelo ralo também, sumiria. Às vezes, eu só quero sumir na madrugada, assim, por nada. Fiquei. Esperando algum milagre, talvez. Não sei. Fiquei agachada na ponta dos pés, por minutos que eu não sei quais são. Eu ficaria para sempre se pudesse. Ao som da chuva escorrendo pelas paredes até chegar ao chão. Nesse momento, irritada, por causa dos cabelos ensopados que eu não pretendia molhar. Chora enquanto chove sem parar, sem cessar.
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Não.
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Eu não mereço tal castigo. Chorar a minha própria dor em sonhos que eu não encontrei. Nem nos desenhos dos desejos que eu inventei. Levantei. O corpo trêmulo e frio - agora, sim, vivo! Sem pestanejar o chuveiro eu desliguei.
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A chuva havia sido levada para outro pesadelo e, de repente, é do silêncio que eu tenho medo.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Creed Forever

Ao som de Creed eu reflito sobre a minha própria solidão. Desencessária e covarde solidão. À luz da minha incontestável razão, a minha loucura encontra repouso. A cada dia se torna mais árduo dormir com todos estes pensamentos em mente. Se eu errei em me afastar, se eu devia reconsiderar. Não, eu não sei. A certeza da incerteza têm tirado meu sono, meus sonhos. E aqueles esquecidos pesadelos congelados nas paredes retornam de uma só vez. Corro a madrugada implorando pela luz do dia e com ela, as sombras do passado.
Ao som de Creed. Culpa imediata, lágrimas de prontidão. O caminho escolhido já parece imensidão. Caminhado errado, talvez. Mas existirão tempos em que o mais fácil nem sempre será o correto. Caminho certo, então. Eu prefiro acreditar que a minha loucura têm se conformado e estas lamentosas lágrimas pertencem ao passado. Orgulhosa.
Só por hoje eu queria ter o brilho eterno de uma mente sem lembranças. Acordar melhor, sem as dores no peito e o cansaço nos ombros.
Aqueles olhos, aqueles olhos... me olharam a noite inteira.
Novamente, dia lindo lá fora, e eu em partes.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

The Script

A minha grande paixão, meu vício, whatever... Agora tem endereço. Ninguém comenta aqui, imagine nesse (risos infelizes). Bom, eu fiz para mim, unicamente e exclusivamente. De qualquer forma, vou abandonar por um tempo meus lamentos e tratar do meu "vício", que se torna cada dia mais, viciante?

Se qualquer um quiser... não, ninguém vai querer.

The Script (sem fim, porém, em construção)

terça-feira, dezembro 19, 2006

Luzes

Luz de fim de tarde, meu rosto em contra-luz,
nada me distrai, nada me seduz.



Saí de casa à procura de ilusões
Coincidências e confirmações
Alguém com seu nome, alguma lembrança
Alguma palavra, aquelas canções
O mundo assim parece tão pequeno
E eu continuo tendo visões
Fiquei em casa a espera de nada
Nenhuma visita, nenhuma chamada
Ninguém com seu nome, nem sua feição
Nenhuma esperança, nenhuma canção
O mundo assim parece tão imenso
E eu continuo vivendo em vão

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Confessions

Sempre que eu penso em algo interessante e produtivo para escrever, o pensamento logo me some e eu fico à ver navios e uma tela em branco. Escrever é parte da metade que eu sou, sendo assim, escrever preenche a metade vazia. Talvez seja a mesma idéia tola de todo primeiro parágrafo: pensar no título após o ponto final. Que seja assim, sem título.
Eu sempre gostei dos detalhes. Sim, das ínfimas peculiaridades que passam despercebidas. Não, o porquê eu não sei. Em um filme, por exemplo, ninguém observa os detalhes, eu sim. É algo incontrolável e de um prazer imensurável, ao mesmo tempo. É quase como cometer um crime. Roubar da vida o máximo que ela oferece. Como nas fotos antigas dá até pra sentir o cheiro do café fresquinho. Sensitiva ou um pouco louca demais (who cares?). Da mesma maneira que eu sempre gostei da madrugada, vista só por mim, lá da varanda. Só eu acordada enquanto todos dormem. Imaginando cada sonho, cada desejo se perdendo nos travesseiros, nas cobertas dessas almas encobertas. Só eu acordada e pensante. É, eu sou amante da noite, assim como sou amante do dia, e da esperança renovada a cada amanhecer. Vai me entender.
Então que seja confissão, assim, sem desfecho. Porque tudo isso foi um pretexto para te enrolar até aqui.
Será que eu consegui?

domingo, dezembro 10, 2006

Madrugada

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Sozinha na madrugada
Escuto na vitrola o chão de estrelas
Olhando na vidraça aquela chuva
E minha alma esquecida escuta o céu de pedras
Sozinha na madrugada
Não tenho relógio no meu pulso
Saudade de nada
O instrumento é o violão
Desejava tocar as cordas do teu coração
Sozinha na madrugada
O amor e a chuva são como agulha e linha
Quase uma coisa só
E minh'alma se costura na sutura da solidão
Da chuva, do violão
Da linha, do relógio
E as estrelas lá do chão
Não sei a que horas giram na vitrola
Saudade de nada
Ainda é madrugada
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quinta-feira, dezembro 07, 2006

The Dreamers

E foi assim: o sol tocava a face dourando seus cabelos desajeitados, quando ela pôde perceber que iria sentir falta dele. Ah, o tempo passou tão depressa. Eram só balas de morango e chicletes de menta; a vida nunca foi tão doce. Eram piadas velhas e filmes que ninguém assistiu; risos despreocupados. Era futuro, era presente, era ausente; estava sempre ali. Eram diferentes, eram iguais; eram confidentes. Eram mentirosos, eram verdadeiros; eram sinceros. Eram só quarenta minutos, com aquele gosto de eternidade. Porque ela sempre quis que a viagem durasse um pouco mais, ou até chegar na ponte do "see you", sempre com sorriso, sempre sem dizer adeus.
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Ele era a alegria, ela era a tristeza. Ele era ação, ela saía ilesa. Ele era vento, ela era areia. Ele era verão, ela era inverno. Ele era jazz, ela era blues. Ele era Brasil, ela era Europa. Ele era agora, ela era depois. Ele era, ela era... e o equilíbrio era quase um defeito.
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Me parece, que o filme chegou ao fim e ele nunca terminou a viagem. Só ela, sempre sozinha, sempre esperando o ônibus chegar novamente.
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E foi a última vez que ela viu sol iluminar seus cabelos bagunçados. See you. E os olhos dela o acompanharam até ele sumir dobrando a esquina. A Esquina do Para Sempre. Ela terminou a viagem, e sentia seus ombros pesados, os olhos encharcados de lágrimas. Era ele dentro do peito, batendo triste, dizendo adeus. As lágrimas não pararam de cair.
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Porém, dessa vez ela sabia, que não estava sozinha.
Ah, tanta, tanta, tanta saudade do menino.
You, light of darkest days.

domingo, dezembro 03, 2006

Falling in Memories

Andei pensando em felicidade. É, aquele conforto súbito e momentâneo que dá na gente, em mim, na barriga. Andei pensando no tempo. Toda vez que eu escrevia a data em alguma das malditas provas semestrais, eu me assustava. Ficava poucos três eternos minutos parada, olhando pra folha, perdida em um daqueles momentos - meus momentos de felicidade. Então, de repente, nostalgia e mais três minutos, juntamente com dez questões não respondidas. Ah, Gabriela, você é só decepção. E coisas assim, do cotidiano, que me fazem esperar flores e um futuro melhor. Coisas a mais, dos dias iguais e dos risos semanais nas terças-feiras de manhã. Coisas que ninguém entende e que eu não preciso explicar.
A verdade é que eu estou ficando velha. Suspiros de quem acorda implorando para que o dia termine logo. Suspiro aliviado de uma alma tão seca quanto as folhas do livros que eu leio desesperadamente. Suspiro que a minha vó fazia só pra mim, afinal, neta mimada. E tudo assim, do passado, do presente e de um futuro próximo. Tudo que eu queria mudar, tudo que eu queria esquecer... faz parte de muita coisa que eu lembro todos os dias, como chingar o cachorro, reclamar do cabelo e não retornar telefonemas.

Por enquanto, esquecendo de dormir.
Porque eu queria mesmo acordar diferente.
(seja lá como esse "diferente" seja)