domingo, janeiro 09, 2011

O fim

Alguns cortes são insuturáveis, algumas dores inevitáveis. O amor é, de fato, uma faca de dois gumes; mas só muito depois percebemos que ambos ferem. Rasgam, esmiúçam, destroem uma história inteira por muito pouco, ou quase nada. Vai ver o amor já estava saturado, vai ver foi a rotina, a vida, as circunstâncias. Vai ver o amor acabou aquela noite, depois daquela briga. Vai ver só os corpos permaneceram juntos, como era costumeiro; as mãos ali entrelaçadas, mas frouxas; os beijos, assim rápidos, descompassados, desconhecidos.

É. Vai saber o que aconteceu. Dois anos depois e não sobrou nada, nem coragem de se enfrentar cara a cara pra dizer: terminou, boa sorte. Não. Dois anos e muitos planos depois e o amor acaba por intermediários. É triste, patético até. Duas pessoas tão destinadas ao sucesso emocional se depararem completos estranhos.

E na separação, os amigos são divididos; as fotos e as mensagens deletadas; as lembranças rasgadas ao meio e, de alguma forma, a mágoa é o que sobra de mais concreto de uma história tão bonita. Quem errou, já não importa. O fracasso, assim como a felicidade, só é possível com dois.

Esse eu, como me conhecem, não existe mais sem o outro. Sobrou só alguém calejado e sozinho demais para lutar por um outro agora. O amor é uma faca de dois gumes, eu te disse. Pode te extasiar ou arrancar o que há de mais bonito em você. Em mim. Em nós.


"And that is it

There's no way

It's over

Good luck"