domingo, abril 22, 2007

The Next Door Waits

Quando algo além do meu controle acontece, eu só consigo escrever na terceira pessoa. O que é um tanto covarde da minha parte, admito. Mas para quem, como eu, tem essa necessidade de congelar momentos e detalhes... bom, isso funciona. Talvez porque nesses instantes abençoados pelos elementos naturais, eu não seja eu, entende? Nesse instante, não sou aquela que acorda cedo, toma banho, penteia o cabelo, escova os dentes e segue o roteiro. Nesse instante, sou uma das personagens das mil e uma estórias que crio como final alternativo das coisas. E talvez isso seja vida. Esse sopro de poeira cósmica onde tudo que você faz é construir memórias.

Eu, no caso, vivo de intervalos. Sim, aqueles momentos em que você se recolhe em seu lado de dentro. Está acompanhando? Por exemplo, aquele instante, antes de sair de casa, quando você olha tudo e desce as escadas imaginando “quando será a última vez?”. Ou na metade da sua rica correria, dentro do ônibus, quando você contempla todos aqueles rostos que, muito provavelmente, não vai tornar a ver. Tudo ali, e então o olhar se perde e, no sopro, tudo desaparece.

O que é realidade, afinal? Porque nesses intervalos, eu posso jurar que o tempo pára. Realidade, para mim, é quando eu me torno personagem. Quando a dor é tão grande que eu quero ser outra pessoa, estar em outro lugar. Consegue entender? Quando o medo de perder o momento presente se torna maior do que você e de tudo que você é até então.

Quero dizer, quando será a última vez? A última vez que eu vou descer as escadas girando o molho de chaves no dedo, enquanto o sol surge majestosamente para abençoar meu dia. Ou a última vez que eu vou dançar sozinha no quarto, quando ninguém está olhando e eu percebo quão divertido o tédio pode ser.

E então eu me torno personagem de uma história que recomeça na porta ao lado.

Ela se afasta com as mãos nos bolsos da velha calça jeans. Se afasta de tudo que um dia ela mais desejou ter. Para acordar numa manhã de domingo e dizer “é meu”. E quem pode dizer que será a última vez que ela encontra o amor? E quem pode dizer que não será?

Seja como for.
Just... go.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu acho que você precisa de um robi! Uma distração que faça você parar de olhar para dentro, e comece a tratar sua vida como a vida de adolescente, como se a vida de uma garota de 15 nunca fosse acabar. Quem sabe se você não precise de sair mais com os amigos (Aqueles que a fazem rir, não chorar como aquele cara).Mas o texto ta profundo e complexo, e ao mesmo tempo bonito, talvez você deveria parar de concentrar-se em textos mirabolantes e tenta ser mais simples.

Márcia disse...

Fiquei um pouco confusa. Mas, acho que no fundo compreendi. Tô achando que vc quer viver antecipadamente algo que ainda virá mas no tempo certo e nessa ânsia de viver lá na frente está perdendo o hoje, o presente. Viva menina seus quinze anos!!!!!!!!!!
Beijão, Mika que te adora e te admira!