sábado, novembro 01, 2008

Be Kind, Rewind

Ainda mais complexos que os relacionamentos fictícios dos livros de Stephenie Meyer, são os reais. Eu nunca pensei muito em como toda essa história de colegial acabaria. Eu nunca fracionei o quanto eu sou apegada a cada expressão, a cada riso exclamativo, a cada abraço urgente. Veja, eu ainda riscava os dias do calendário com ansiedade para que o ano acabasse, até hoje. Hoje, um dia de duas provas e entra-e-sai de professores como outro qualquer, eu notei o quando vou sentir saudade de toda essa cacofonia agitada.
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Não mais encontrarei os mesmos rostos sonolentos e os sorrisos fáceis como os meus. E esse fato, o reconhecimento dele, fez doer em lugares que eu nem sabia que existiam dentro de mim. É o apego de novo. O apego mais cruel – o apego inconsciente. Você não precisa ser um leitor assíduo deste blog para saber que o meu dilema diário é o desapego. O apego que eu não sou capaz de negar; o desapego que é saudável exercer.
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Até hoje de manhã antes de atravessar, ainda uma vez, os portões do estacionamento do colégio e subir as escadas em direção à sala de aula, eu acreditava, de fato, que estava curada desse bem incômodo. A palavra soará piegas, mas vá lá: eu acreditava ser imune ao amor, ao apego, ao medo de perder o quer que fosse. Até hoje de manhã eu tinha a glória dos inconfiáveis, pois não se deve confiar naquele que não tem nada a perder. Mas eu tenho. E não só tenho algo a perder, eu perderei.
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Ainda tenho algumas semanas, mas serão poucas. Eu preciso que eles, meus amados amigos de todos os dias, saibam disso. Preciso que saibam que a minha apatia matutina e as minhas poucas frases, em sua maioria sarcásticas, são elementos de uma máscara de auto-preservação inútil que eu coloquei e esqueci de retirar, mas que não me fez esquecer de como me sinto debaixo dela e nem de quem eu sou e do quanto eles fazem parte de mim.
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Embora o nosso fim como sociedade-alternativa-anti-popularidade aproxime-se a cada palavra escrita e frase dita, o nosso elo não se perderá. Sempre levaremos a lembrança saudosa das testemunhas de nossas fases mais bizarras, da rebeldia, dos hormônios em fúria, das conversas fora de hora, dos comentários inapropriados, das propostas à legalização da maconha, das aulas de sexo do “Pssô Willah”, das encenações da “Professora Cretina”, das palavras de baixo-calão do “Vô Alencar” entre tantas outras barbaridades que nos pertencem, porque estivemos lá. E porque, para todos os propósitos, construímos memórias que estarão conosco, muito além do tempo e espaço.
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No dia 21 de Dezembro de 2008, daremos um último show. Uma vez que é fado, que está sacramentado, deixemos que a chuva de prata caia, que as cortinas se fechem e que as luzes se apaguem. De ontem em diante seremos o que somos no instante agora.
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Meus meninos nerds, minhas meninas impossíveis, meus vagabundos e preguiçosos, eu amo todos vocês. Quando a vida nos oferece um sonho muito além de todas as nossas expectativas, é irracional lamentar quando chega ao fim. E ainda assim, vou sentir saudade. Cuidem-se. Um beijo de esmagar as maçãs do rosto, e um abraço daqueles urgentes.
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2 comentários:

Anônimo disse...

I love you so much B.

Anônimo disse...

Como vou sentir saudades de vc!!!
Vc vai ter muito sucesso, sabe por quê?
Vc é ótima!!!!
Bjos, com carinho da profª Cretina.