segunda-feira, março 31, 2008

À Espera

Ultimamente, tenho levado horas para dormir e já não sei o que é correto ou se sou capaz de inibir esse amor. Passo a noite a velar esse sentimento indubitável. Não creio precisar de comprimidos, amor não é doença. Você, amor, é um bem imensurável mesmo quando mal me faz. Me cega e descompassa, e, ainda assim, me torna ilimitada.
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A verdade é: me acostumei com você, com seu jeito de ser. Me entorpece com essa independência heródica de mim. Minto se disser que não prefiro assim. Quero-lhe tão bem, urgentemente. Porém indago se desejo-lhe apenas pelo prazer de variar e tornar meus dias corriqueiros e descoloridos um pouco melhores - ou muito melhores. Sou egoísta. Sempre tratei de amor como algo palpável, perecível, um entretenimento qualquer. Coisa de fera ferida? Talvez. O que é o amor senão aquele que fere e jamais cicatriza permanentemente?
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Mas o que há de errado em ser egoísta? Talvez eu lhe ame porque você não precisa de mim. Talvez eu precise mesmo de você, para me fazer querer ser uma pessoa melhor. Talvez milhões de coisas; talvez nenhuma dessas.
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À espera de algo que não sei ao certo o que é, eu permaneço. Madrugada adentro, me perdendo nos lençóis listrados. Com a mesma xícara de café de todas as longas esperas, na janela de todos os outonos, a contar folhas caídas. Mesmo os corações inóspitos necessitam de ritmo e rima - o faça com maestria, meu bem. Deixe os arrependimentos para depois, e vem.

Um comentário:

Gabriela Rocha disse...

Em breve este Blog se tornará um aglomerado de cartas não-enviadas, amores não-declarados, paixões não-retribuídas e sentimentos parafraseados.

Não delira, mulher.
Se organiza.