Algumas poucas vezes, como hoje, passo boa parte de uma noite mal iluminada na varanda, encarando tudo que já fui um dia. É algo involuntário. O que chamamos de coincidência surge e uma música preenche o espaço vazio de outrora, no meio do turbilhão que eu construi para me ocupar. Não posso dizer que é saudade, porque não quero de volta - mesmo que volte por boa vontade.
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Talvez eu devesse resumir o meu pensamento àquelas folhas avulsas em branco sobre a mesa. Mas não há do que fugir ou lamentar. Hoje sei que nunca houve. Contudo, o acústico dessa música de duas histórias - uma minha, outra dele - tem a beleza do ontem, e do ontem a inércia. Gosto de ficar lá, com aquele céu de lágrimas que não quer chover. Porque também somos o que perdemos.
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E então eu volto. Volto para quem me tem agora, por merecimento de procurar e direito de esconder. Volto também por merecer essa reciprocidade de amor, de valor, de cuidado. Mas sempre volto com a sensação de ter me afogado na xícara de chá, ou me jogado telhado abaixo. É aí que eu sempre acordo, com beijos e braços exaustos de me carregarem por todos os meus abismos, de volta para casa.
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Tied up and twisted, the way I'd like to be
For you, for me, come crash into me, baby
2 comentários:
Olá,
Como prometido dei uma passadinha e adorei ler os seus post's!
Você consegue usar as palavras muito bem, faz com que cada texto seja único, nos 'obrigando' a ler até o final.
Continue assim,tenho certeza do teu sucesso e te admiro demais!
beijooos*
Tive saudades dos seus comentários. Eu queria ser inatingível um dia, para saber se também é ruim, já que eu geralmente estou do outro lado da história.
Quanto ao texto, não posso dizer nada contra, porque faço o mesmo. Aliás, tenho muito a favor, mas às vezes é difícil segurar o peso da avaliação. E a música preenche muito bem.
I see the wave come and crash into me.
E ela me leva.
Ah! Feliz Ano Novo. Um pouco atrasado, mas ainda assim, feliz Ano Novo. Felicidades.
Um abraço.
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