- Está pronta? Podemos ir?
Ela terminou de colocar os brincos e dirigiu-se à porta. Contou todos aqueles dezesseis degrais - e quão intermináveis pareciam. Ele a esperava no pé da escada, sorrindo, contente. A segunda moça que carrega para emergências surgiu, retribuiu os sorrisos e o contentamento.
Entraram no carro.
- Pode escolher a música - ele disse.
Ela queria ouvir o silêncio dos sapatos baixos novos, mas colocou a última música adicionada ao MP3, Something A Bit Vague, de Julie Delpy. Ela queria a calma, a quietude da estrada... Mas era uma emergência, aquela de não decepcionar o carinho e a vontade de cuidar daquele rapaz.
Chegaram, desceram do carro. Delicadamente ele aproximou sua mão da mão dela. Incerto de que deveriam chegar de mãos dadas ou não, não chegou a entrelaçar os dedos, como se esperasse uma resposta. Ela sentiu aquela mão fria e insegura, saiu daqueles mundos paralelos em que vive, e respondeu o que ele queria ouvir. Ouvia-se ao longe um violino e via-se luzes quase parisienses.
E naquele quase imperceptível momento, ela decidiu jamais deixá-lo só.
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