sábado, julho 29, 2006

Se houver amanhã...

Sábado. Último sábado da vida que se torna inútil durante as férias. Hoje não consegui ficar em casa. Fui andar por aí. Procurar a minha própria paz. Ver uns rostos estranhos, alguns acontecimentos bizarros, pessoas felizes... Felizes demais. Quando surge uma ponta de inveja que penetra imediatamente em meus olhos, indo direto pro coração, quando sinto aquela antiga e quase esquecida falta de ar. Uma vontade louca de ser feliz toma conta de meus músculos, algo quer explodir. Olho para aqueles casais, aparentemente, perfeitos, sorrindo, fazendo juras de amor. Quando olho pros lados, não vejo ninguém. Quando olho pra dentro, o vazio e o silêncio são ainda piores e mais cruéis. Um sentimento terrível e atormentador se torna constante. A antiga e quase esquecida solidão retorna, dessa vez parece querer ficar.
Sabe, solidão não é estar sozinho, é estar entre milhões de pessoas e sentir falta de apenas uma. Na maioria dos casos, daquela que não te enxerga, não te dá importância... E em pouco tempo, se torna uma frustrada obsessão. Mas os dias passam, muito rapidamente, e quando se dá conta, você não mais existe, passa a sobreviver. Sobrevivente de um amor mal-sucedido, implicante, impulsivo, patético, sim.
Enquanto a Sra. Razão, rude, curta e grossa, ordena: "Esqueça! Continue! Há muito trabalho pela frente." a Sra. Emoção, simpática e agradável, sugere: "Siga seu coração!". Quem nunca passou por isso que atire a primeira pedra. Mas mire na cabeça. Faça-me perder a memória, já sou sua escrava. Desmemoriada, perdida no tempo e espaço (não estaria numa situação completamente diferente), seria mais fácil recomeçar. Talvez.
Admito. Sou daquelas que dá murro em ponta de faca. Fico ali, me ferindo até que a insanidade e o razoável se tornam fardos pesados demais para carregar-se. O sono se torna disperdício de tempo, conseqüentemente, os sonhos também.
E é nesse mesmo momento, quando você pára pra se olhar no espelho da verdade (nua e crua) que não se reconhece. Percebe que todos os romances, as dificuldades e os intermináveis problemas, não te trouxeram nada de proveitoso. Tornaram-te uma pessoa fria, cuidadosa e calculista, que mede palavras e esconde sentimentos, com alguns delírios românticos nas noites solitárias de alguns sábados.
Sorri. Rindo de sí mesma, percebendo que o tempo é o melhor aliado quando se fala da vida. Vida louca, vida breve. Já que não posso te levar, quero que você me leve. Vida que apenas começa, que te deixa ciente que as coisas SEMPRE poderão piorar. Espere o melhor. O pior já é fato.
E eu me pego voltando pra casa. Passos lentos, soando uma certa melancolia. Noite fria (comum e apropriada), que leva meus pensamentos pras estrelas e o amor pra algum lugar vazio do esquecimento. Iluminada com um certo encanto pelas luzes da rua. Percebo dois ou três olhares que me acompanham, enquanto o som da bota de bico fino batendo firme no chão, parece acompanhar a batida do meu coração. Suave, leve, triste. Olhares esses atentos, que acompanham meu casaco preto comprido até ele sumir completamente dobrando a esquina. Chego ao fim de mais uma caminhada noturna, com o mesmo pensamento de todas as "sem-saídas": Amanhã será um novo dia. Se houver amanhã...
Por quê tanta esperança? Porque o NÃO eu já tenho, e não é exatamente ele que eu quero. Não exatamente. Ele.
"You don't have to be alone
Stay with me now... Stay with me tonight..."

Um comentário:

Anônimo disse...

As ferias são 30 dias....
O mundo tem mais de 1 bilhão de anos.....
O seu dia chegará, basta esperar....